Setores como o frigorífico, o sucroalcooleiro e a construção civil registram maior número de casos
Curitiba – O dia 28 de abril é o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho. Entre 2010 e 2012, 8,4 mil trabalhadores morreram no Brasil em acidentes nas empresas. Desse número, 641 mortes ocorreram no Paraná. Nos três anos, foram quase 140 acidentes por dia. Os dados são os últimos levantados pelo INSS sobre o tema.
Segundo a procuradora do Trabalho Marília Massignan Coppla, o atendimento hospitalar, as usinas de cana-de-açúcar e os setores como o frigorífico e a construção civil registram o maior número de acidentes. Desde 2010, o MPT registrou 1.377 denúncias sobre irregularidades no meio ambiente de trabalho no Paraná e levou à Justiça 701 ações com o objetivo de promover a adequação da empresa e evitar novos acidentes.
Atualmente, o MPT-PR tem, em andamento, 2.546 procedimentos ativos sobre o tema "meio ambiente de trabalho", dos quais 525 tratam especificamente de acidentes de trabalho.
Doenças ocupacionais – Doenças contraídas pelo contato direto com substâncias tóxicas durante o trabalho também são frequentemente causa de mortes. Produtos químicos, agrotóxicos, exposição a radiações podem provocar câncer. Trabalhadores que manuseiam minerais como o amianto e respiram pó de mármore estão propensos a desenvolver doenças respiratórias como a asbestose (que pode levar a falência respiratória em função do enrijecimento dos pulmões) e a silicose (lesões nos pulmões).
Irregularidades ergonômicas e atividades com movimentação contínua de membros e músculos também adoecem os trabalhadores. O MPT-PR registra inúmeros casos de procedimentos relacionados a Lesões por Esforços Repetitivos (Ler) e por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), especialmente em bancos, montadoras e frigoríficos.
Prevenir é melhor que remediar – O ditado popular faz todo sentido quando o assunto é acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. "No Brasil temos uma cultura da proteção individual. Os empregadores apostam tudo nos Equipamento de Proteção Individual (EPIs), quando esse deveria ser um recurso usado apenas quando todos os outros meios de proteção se esgotaram", ressalta a procuradora do Trabalho Marília Coppla, que também é coordenadora executiva do Fórum de Proteção ao Meio Ambiente de Trabalho (FPMAT).
Ela explica que o foco deveria ser eliminar o risco, e não proteger o trabalhador individualmente contra ele. Antes de o trabalhador usar protetor auricular, por exemplo, o empregador deve trocar a máquina que emite o ruído ou isolá-la; em detrimento do uso de capacetes, que pode ser facilmente dispensado pelos trabalhadores, a empresa deveria promover a proteção contra queda de objetos por meio, por exemplo, da instalação de telas de contenção.
"Onde há risco, há possibilidade de acidente. A Constituição Federal é clara ao dizer que a empresa deve eliminar ou minimizar os riscos, e infelizmente não é isso que acontece. As empresas disponibilizam EPIs, quando esses deveriam ser apenas supletivos, em detrimento da proteção coletiva", defende Marília.
Risco potencializado – A jornada exaustiva a que diversos trabalhadores são submetidos também é um potencializador de risco. "A jornada excessiva, sem descanso e intervalos, leva o trabalhador a reduzir sua atenção na tarefa que desempenha. É o que aconteceu, por exemplo, em muitos dos acidentes ocorridos em obras da Copa do Mundo, em que os trabalhadores que morreram tinham praticado uma quantidade excessiva de horas-extras", lembra.
Fonte: www.pgt.mpt.gov.br