Em questionário aplicado pelo MPT, empregados relataram dores no corpo e exaustão devido à jornada e às exigências de produção
Porto Alegre – Os trabalhadores da BRF de Lajeado (RS) sofrem excessivo ritmo de trabalho e omissão das pausas previstas na Norma Regulamentadora nº 36, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que trata das condições de trabalho em empresas de abate e processamento de carnes. A conclusão é resultado da análise do questionário aplicado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) aos funcionários da indústria. Recentemente o frigorífico teve algumas de suas atividades interditadas por falhas de segurança e outras irregularidades que colocavam em risco à saúde e à integridade física dos funcionários.
Foram entrevistados 45 empregados do setor de embalagem do frango griller. A amostra abrange cerca de 50% dos que trabalham no setor, no primeiro turno. Os dados comprovam a necessidade imediata de adequação do ritmo de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, com o devido dimensionamento do número de empregados às exigências de produção. O levantamento mostra que a empresa deve ater-se ao limite do manuseio de 15 peças e de 40 ações técnicas por minuto e por trabalhador.
Números – Os procuradores do Trabalho Heiler Natali e Sandro Sardá, responsáveis pela aplicação do questionário, informam que 44,5% dos entrevistados responderam que o ritmo de trabalho na empresa é muito rápido. Para 53,3%, é rápido. Apenas 2,2% consideraram o ritmo médio. Em relação as queixas de dor, 90,% dos empregados relataram sentir com habitualidade. As regiões corporais com maior comprometimento foram o ombro, seguido de braços, mão, punho e coluna. Sobre medicamentos para dor, 79% dos empregados relataram o uso de forma regular. A totalidade dos medicamentos informados é constituída por analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares.
Em relação a permanência do estado doloroso, 71,4% dos entrevistados relataram que as dores percebidas aliviam apenas após um final de semana completo de repouso, ao passo que para 22,9% disseram que aliviam com o descanso noturno. Ainda em relação a permanência do estado doloroso, 5,7% dos entrevistados garantiram ter convívio contínuo com as dores no corpo, que não cessam nem mesmo nos finais de semana. Ao serem questionados acerca da percepção do início do processo de dor, 39,3% dos entrevistados reportaram que o mesmo ocorrera já a partir dos três primeiros meses de trabalho.
Sobre a intensidade do estado doloroso, 59,5% dos entrevistados que responderam a esse questionamento reportaram ser de elevada intensidade.
Ao responder o questionamento em torno de como o trabalhador se sente ao final da jornada, 35,6% dos entrevistados informaram se sentir exaustos, sendo esse o mesmo percentual daqueles que disseram se sentir muito cansados. Já 26,6% daqueles que responderam ao questionamento informaram se sentir cansados.
Fonte: www.pgt.mpt.gov.br