Ao subir na laje para fazer os últimos ajustes de uma obra, o trabalhador Antônio Oliveira (37) se desequilibrou e caiu de uma altura de 3 metros em cima de um prego que lhe perfurou sua cabeça. Descuidado, não estava utilizando nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Além da cicatriz, ele garante que da experiência ficou a lição de não ser negligente consigo. Hoje, cerca de cinco anos depois do acidente, Antônio trabalha na construção de um supermercado em Várzea Grande e fez questão de acompanhar na manhã desta sexta-feira (04) a palestra sobre segurança do Trabalho ministrada pela juíza do trabalho Leda Lima.
Antônio Oliveira e os companheiros de obra começaram o dia de trabalho com a oportunidade de aprender como prevenir acidentes. A ação de conscientização faz parte do programa Trabalho Seguro, que em Mato Grosso é desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Getrin/MT) em parceria com a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Amatra23).
Durante a palestra, os trabalhadores que lotavam o refeitório da empresa para ouvir as orientações tiraram dúvidas e descobriram quais seus direitos e deveres na prevenção de acidentes. “Já me acidentei porque não estava usando o cinto de proteção e hoje sei da importância de prestar atenção à segurança. É muito bom participar dessa palestra, vai ensinar todo mundo a se prevenir bem certinho”, avaliou o trabalhador Antônio Oliveira.
A juíza Leda Lima explicou aos trabalhadores que existem três tipos de acidente do trabalho: o típico, que acontece durante a execução da obras; o atípico, que são as doenças ocupacionais adquiridas com o tempo e o terceiro, o acidente de trajeto. Segundo ela, o empregador deve oferecer os EPIs e o empregado tem a obrigação de utilizá-los corretamente, sob pena de ser demitido por justa causa. “A maioria dos acidentes acontece em razão do menosprezo dos riscos. É preciso estar sempre atento durante o trabalhado e evitar se distrair. Quem não se protege pode causar um acidente para si ou para outros”, explicou.
A técnica de segurança do trabalho da obra, Maria Morais, explica que a empresa busca seguir todas as normas. “Estou sempre atenta se os funcionários estão usando os EPIs. As palestras são fundamentais porque muitos acham que não precisam do equipamento”, contou.
Uma série de palestras como esta está sendo feitas nos maiores canteiros de obras em Cuiabá e diversas cidades do interior de Mato Grosso para difundir a ideia do trabalho seguro e prevenção de acidentes. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil (SintraiCCCM), Joaquim Dias, comemorou o trabalho desenvolvido em parceria com a Justiça do Trabalho. “O sindicato é parceiro nestas ações. Para nós é fundamental a presença da Justiça do Trabalho nos canteiros de obras alertando e ensinando os trabalhadores”, afirmou.
Getrin 23
Criado em 2012, o Getrin23 é o Grupo de Trabalho Interinstitucional da 23ª Região da Justiça do Trabalho (com jurisdição em Mato Grosso), vinculado à Rede Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho e criado com base na Resolução 96/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho
Em 2014, o grupo intensificou sua atuação em setores que apresentam grandes índices de acidentes de trabalho, como por exemplo, a construção civil. Mais de um mil trabalhadores de canteiros de obras de Cuiabá e Várzea Grande participaram de palestras sobre trabalho seguro, enfatizando, entre outros assuntos, a importância do uso efetivo e correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
O Getrin 23 é presidido pelo TRT de Mato Grosso e formado por órgãos públicos, entidades sociais e empresas. Tem como finalidade planejar e executar ações locais contínuas e permanentes voltadas à promoção da saúde do trabalhador, à prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política Nacional de Segurança do Trabalho.
Sinara Alvares
Fonte: www.trt23.jus.br