Curso para Concurso de Juiz do Trabalho e de Procurador do Trabalho.
Logo GEMT

TRT5:Em palestra no TRT5, psicóloga alerta para o alto índice de medicalização no Brasil

8 de novembro de 2023

A excessiva medicalização de crianças e adolescentes é um reflexo da excessiva medicalização dos adultos e consequência do fato de se transformar artificialmente questões não médicas em problemas médicos. Embora o consumo de medicamentos seja uma questão mundial, no Brasil os dados são preocupantes: o Metilfenidato (que tem nome comercial de Ritalina ou Concerta), receitado para crianças e adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), teve um aumento de consumo de 180% em apenas quatro anos – o estudo foi feito de 2007 a 2014, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Essas questões foram apresentadas a magistrados e servidores que participaram na última sexta-feira (26), do painel "A medicalização da vida na sociedade contemporânea", com a psicóloga Lygia Viégas. O evento faz parte do projeto Temas Contemporâneos em Debate, um ciclo de painéis promovido mensalmente pela Escola Judicial e coordenados pela psicóloga e psicanalista Mônica Veras.

Professora da Faculdade de Educação da UFBA, Lygia Viégas lembrou que no Brasil o consumo do Clonazepam (princípio ativo do Rivotril) é maior que o da Ritalina, indicando a alta medicalização da sociedade. "Infelizmente em nosso país o uso de medicamento não é relacionado com o uso/abuso de drogas", comentou ela. Lygia citou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) para mostrar o poder da indústria farmacêutica: mais de 50% dos medicamentos são incorretamente prescritos, dispensados e vendidos; mais de 50% dos medicamentos são usados incorretamente; mais de 50% dos países não têm políticas públicas para regular o uso de medicamentos.

Segundo a psicóloga, problemas de diferentes ordens são apresentados como "doenças", "transtornos", "distúrbios" que escamoteiam as grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. "A pessoa é classificada como 'doente', torna-se 'consumidora' de tratamentos, terapias e medicamentos, que transformam o seu próprio corpo no alvo dos problemas", comenta. E conclui: "muitas vezes, famílias, profissionais, autoridades, governantes e formuladores de políticas eximem-se de sua responsabilidade quanto às questões sociais."

Logo GEMT
Assine Nossa Newslleters
Subscription Form
Certificados de Segurança
Copyright © 2006 – 2025 - GEMT - ATOMTI.COM.BR
chevron-down