Em um dos mais belos depoimentos da história do GEMT, aprovado no exame oral do TRT16 Marcelo Marques (Sacramento/MG) afirma: - “(...) Pai, você pode brincar comigo?- Agora não, papai está estudando”.
*Para coordenador Davi Ribeiro, Marcelo é o exemplo a ser seguido. Exemplo de humildade, capacidade, perseverança, confiança, caráter e reconhecimento. "Hoje é um dos dias mais felizes da história do GEMT", afirmou Davi.
Marcelo escreveu:
Marcelo Marques Analista Judiciário Sacramento/MG
- Pai, você pode brincar comigo?
- Agora não, papai está estudando.
Foi esta a resposta dada aos meus três filhos nos últimos anos. Não vi muita coisa de meus filhotes durante muito tempo.
Amigo Davi, como já deve saber, fui aprovado no TRT16. Não sei descrever a sensação. Ainda estou anestesiado. E lógico que o GEMT fez parte desta trajetória.
Em dezembro/2006, quando já era técnico judiciário do TRE/MG na minha cidade (Uberlândia/MG), passei para Analista Judiciário para ter exercício em outra cidade, 180 km de distância. Na sexta-feira anterior antes de assumir, fui jantar com minha esposa na casa de um casal de amigos. Lá chegando, minha amiga (Cibele Carneiro daqui do grupo) me perguntou se iria parar de prestar concursos e eu disse que não. Ela então me falou para eu me preparar para a Magistratura do Trabalho, o que ela estava fazendo. Disse a ela que estava louca, que não tinha condições para isso, que era muito para mim. Ela insistiu e me emprestou um livro do Godinho e um livro do Bezerra Leite e disse para eu ler. Ainda me falou de um grupo de estudos virtual que era muito bom (olha o GEMT aqui pintando na minha vida).
Esposa e filhos ficaram em Uberlândia, e na nova cidade, como não conhecia ninguém e não tinha nada pra fazer, comecei a ler os livros que ganhei de presente. Não entendia nada. Era alienígena para mim. Então resolvi ingressar no GEMT. Que respostas de qualidade eu lia nas publicações. Comecei a entender muita coisa que não conseguia digerir sozinho, e quando eu tinha uma resposta publicada, sentia que estava um pouco melhor. Mas mesmo assim achava tudo muito difícil.
Por não ser da área, estava pensando em desistir quando vi uma mensagem de uma pessoa do grupo que foi aprovada no TRT8, dizendo que não era da área e mesmo assim logrou êxito na aprovação. Então, veio um novo fôlego.
Resolvi prestar o primeiro concurso. Foi do MPT. Tentaria ver se aprendi algo, senão iria desistir. Para a minha surpresa, fui aprovado na primeira fase. Aí, veio a primeira loucura. Como passei na primeira fase do primeiro concurso, e nunca tinha prestado concurso para a Magistratura do Trabalho, larguei a segunda fase do MPT e fui prestar a primeira fase do TRT8 (as provas eram no mesmo dia). Perdi o MPT e fiz apenas 38 pontos lá. Decepção. Logo em seguida, concurso em MG, e pra minha surpresa passei para a segunda fase. Na segunda fase foi um desastre.
Deste ponto em diante, não perdia mais na primeira fase, mas não conseguia avançar na segunda fase. Não entendia o porquê, até que você, amigo Davi, me falou pra melhorar a profundidade das respostas. Também nesta época iniciei no PCIS, com admiração profunda pelos Juízes que corrigiam as sentenças.
Comecei a passar na segunda fase e vieram varias reprovações na sentença. Tudo bem, estava chegando perto. Comecei a fazer um cursinho uma vez por semana, indicado pelo GEMT, do Juiz Marco Aurélio Treviso, em Uberlândia, Magistrado que também corrigia sentenças no PCIS. Marco Treviso virou um amigo e sempre me deu forças para continuar. Então, como qualquer ser humano, inventei outro problema. Achava que não passava porque não era da área. Comecei a prestar concomitantemente concurso para servidor dos TRT’s, fui aprovado e nomeado no TRT/SP como Analista Judiciário/Área Judiciária. Nessa época, você, amigo Davi, me ajudou muito e ainda me apresentou à colega Hilda, pessoa importantíssima na minha trajetória.
Aqui no GEMT também conheci os melhores candidatos do Brasil: Vanderson, Paulo Veloso, Madalena (que faleceu a dois anos, grande amiga), Jobel, Hilda, Luis Rangel, Hadma, Marcelo D'avola, Maria Fernanda, Albenis, Natalia Senna, Daniela e muitos outros, sendo que alguns já são Juízes. Infelizmente não conheci meu conterrâneo Juiz Arlindo Cavalaro, mas competentíssimo nos apontamentos de suas correções. Conheci o Dr. Luciano Brisola em curso oferecido pelo GEMT.
Foram cinco reprovações em sentença. Logo apos não obter êxito na sentença de Campinas ano passado, abriu inscrições no TRT16. Era uma chance. Pensei muito antes de me inscrever, pois o concurso anterior de lá foi muito difícil. Mas como não estava inscrito em nenhum outro concurso, resolvi arriscar.
Na primeira fase, por problema de horário de vôo, fiz a prova da tarde em apenas 50 minutos e achei que não iria passar. Ledo engano, fui aprovado.
Na segunda fase respondi muita coisa de forma contrária à maioria dos amigos e também achei que iria reprovar. Fui aprovado.
Na sentença, pela primeira vez, não fiquei seguindo entendimento da banca. Fiz o que achava certo e fundamentei o máximo que pude. Ao sair da prova, escutei comentários que analisei vários pontos de forma contrária ao que deveria ter sido feito, e ainda alguns pontos fiz de forma diferente dos amigos. Pensei: Agora é que não vai dar mesmo. No dia do resultado, mesmo tendo a certeza da reprovação, fiquei de olho na internet e pedi para uma amiga verificar o resultado. De repente o telefone tocou. Minha amiga me deu a notícia da aprovação. Não acreditava. Era um sonho. Estava na fase oral. Imaginava um 6,00, mas tudo bem, tinha passado. De repente, um outro amigo me ligou e falou que passei com a maior nota na sentença (8,333). Você tinha razão, amigo Davi, deveria ter acreditado mais em mim desde o começo. Na primeira vez que fiz isso, deu certo.
Vieram cursos da fase oral e a preparação. Aflição, angústia, sofrimento, alegria, impaciência, medo, coragem, tudo junto. Ao mesmo tempo que achei que não iria lograr exito pensava que deus iria me iluminar.
Fui para o Maranhão, e não poderia estar melhor amparado: Meus amigos Marco Treviso (Juiz do TRT3) e Anderson (Juiz do TRT15) me auxiliando. Quem eu admirava tempos atrás estava ali me acompanhando. No sorteio do ponto, fui sozinho ao TRT, e de lá liguei para eles começarem a preparar o material de estudo. Ponto 35: Constitucional (Organização do Estado), Empresarial (Grupo de Empresas) e Órgãos da União Européia. Pensava: Que azar, nada de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, mas tenho que passar com este ponto. Meus auxiliares, ao saber de meu ponto, falaram comigo ao telefone: fica tranqüilo, vc tira de letra. Acreditei. Depois eles me disseram que conversaram entre eles: O que vamos fazer com esse bendito ponto (rsrsrs...).
Foram as 24 horas mais difíceis da minha vida. Cheguei no Tribunal com todos os sentimentos, sem saber como iria ser. Ao entrar no plenário, 10 minutos antes de iniciar minha argüição, estava um pouco inseguro.
Chegou Marco Aurélio e perguntou: E aí, está tranqüilo?
Então, não sei de onde, veio a resposta: Lutei muito para estar aqui e vou fazer o meu melhor.
Sentei na cadeira e desapareceram todos os sentimentos/pensamentos ruins. Respondi com calma e tranqüilidade aos Ministros e ao membro da OAB, e aqui estou eu, aprovado com 8,00 na oral.
Digo a todos: Acreditem, lutem, não desistam. Temos que nos dar o devido valor. Deus sabe a hora certa e o local para tudo acontecer. A alegria é imensa e a ficha não cai. Em cada resposta, cada raciocínio, havia um pouco do que aprendi aqui com o grupo. Sou imensamente grato a todos voces, e em especial a voce Davi, que me proporcionou tudo o que me aconteceu.
Aos amigos que não citei, tenham certeza de que guardo vcs aqui comigo com um carinho especial. Aos coordenadores e Juízes do GEMT, o meu muito obrigado.
Sei que foi um grande comentário, mas depois de tanto tempo não dá pra ficar só no resumo (rsrsrs...).
Bom, agora tenho que ir, meus filhos estão me chamando para brincar.
Sorte a todos e acreditem, a frase é verdadeira, só não passa quem desiste.
Marcelo Marques
