Exemplo de superação e ex-empregada doméstica, Marisa Felisberto (Manhuaçu/MG) é aprovada no TRT/02, envia belo depoimento ao GEMT e afirma: “Leitura das respostas dos colegas me punha em contato com as atualidades do direito e com as discussões dos temas mais atuais e debatidos nas provas”.
Após ingressar no GEMT, Juíza mineira do TRT paulistano percebeu que sua nota anterior não havia sido relativamente baixa por acaso: “Refletindo sobre aquele 4,16 cheguei à conclusão que não tinha ido tão mal quanto pensava”.
Para coordenador Davi Ribeiro, GEMT dá a exata dimensão da necessidade de cada um e do estágio de desenvolvimento de cada candidato. “Depoimentos como este mostram que não há barreiras intransponíveis. O GEMT está aqui para mostrar o caminho. A outra parte é com o candidato e com Deus”, afirmou.
Marisa escreveu:
Inicio meu depoimento fazendo uma confissão: quando comecei a prestar concurso pra magistratura do Trabalho, eu mesma não acreditava que pudesse ser aprovada. Havia, porém, algo que me impelia, um sentimento bem no meu interior que me dizia que eu devia ser uma juíza. Mas eu demorei muito pra levar isso a sério.
Terminei o curso de direito aos 34 anos, tendo passado por 3 faculdades diferentes em virtude de transferências no trabalho, razão pela qual acabei por fazer 6 anos de direito. Nessa época eu já era servidora do TRT de Minas e aquela idéia de ser juíza era algo assim bem incipiente, quase um devaneio. Afinal, os juízes eram seres superiores... especiais... Será que são?
Mas o tempo passava e lá ela estava ela, a sensação de que faltava alguma coisa. E por mais que o tempo passasse, não ia embora.
Em 2010, quando finalmente consegui voltar a morar na minha cidade, resolvi prestar concurso, assim, como quem não quer nada..., nem acredita que vai passar... fui fazendo. Acho que a primeira prova que fiz foi em 2011, sem nenhuma preparação. Comecei tirando 62, o que não era suficiente para ser aprovada na primeira fase. Mas, à medida que eu ia estudando pelas provas anteriores, me focando no que tinha errado ( e tinha errado porque não tinha estudado), minha média ia crescendo e em 2013 fiz minha primeira segunda fase, no TRT2. Tirei 4,16 e fiquei arrasada, achando que a nota era muito baixa e que não era condizente com o esforço que eu havia empreendido, especialmente na maratona de fazer duas provas no mesmo fim de semana (a discursiva e a de sentença). No domingo eu estava com as mãos doendo de tanto escrever! Que decepção, pensava eu...
Foi então que percebi que precisava de algo mais na minha preparação além dos meus estudos solitários. Entrei em contato com o GEMT e passei a fazer parte desse grupo de estudos. Não fui exatamente um exemplo de participação, pois respondi apenas a algumas rodadas (não recomendo que façam isso, a participação é extremamente importante para o desenvolvimento das respostas), mas a leitura das respostas dos colegas me punha em contato com as atualidades do direito e com as discussões dos temas mais atuais e debatidos nas provas.
Refletindo sobre aquele 4,16 cheguei à conclusão que não tinha ido tão mal quanto pensava, até porque havia deixado uma pergunta sem resposta, o que poderia ter feito a diferença para a aprovação.
Fui adiante.
Em 2014 obtive nova aprovação para a segunda fase no TRT2, e pela primeira vez fui aprovada no TRT3. No TRT mineiro não fui além da discursiva, mas em SP deu tudo certo, graças a Deus!
Eu costumo mesmo dizer que fui aprovada pela graça de Deus, e não estou sendo modesta quando digo isso, pois devo a Ele tudo que tenho e que sou, inclusive as oportunidades de prestar tantos concursos, os recursos financeiros para custear as inscrições, as viagens, as hospedagens, os cursos, os livros, etc. Tudo isso o Senhor me proporcionou. A mim, que nasci numa família pobre, perdi meu pai aos 12 anos, minha mãe tornou-se inválida antes mesmo da morte do meu pai, tive um filho aos 17 anos, solteira, fui doméstica, interrompi o ensino médio... sofri... como você, como tantos outros que, apesar das intempéries da vida, sempre seguem em frente. Deus cuidou de mim, como Ele afirmou em sua palavra que faria (Js 1.9), e me proporcionou também a oportunidade de fazer parte do GEMT, esse grupo tão especial, e de entrar em contato com o pensamento de pessoas também muito especiai s, que são os membros do grupo, dentro os quais destaco Alessandra Guarino Klinke, que não conheço, mas que me ajudou sem saber, já que eu sempre copiava suas respostas nas rodadas, pois me identificava com seu estilo de escrever. Espero que em breve seja minha colega de profissão.
Aí veio a prova oral. Ah!, a prova oral... essa me dava calafrios! Eu pensei: e agora? Vão descobrir que não sei nada! Contudo, apesar do medo apavorante que essa fase costuma incutir nas pessoas, não é por acaso que chegamos nela. Pode acreditar: quem chega à fase oral sabe alguma coisa, ainda que não tenha consciência disso. É claro que contei com ajuda de pessoas que se dedicam a ajudar aos desesperados recém aprovados na sentença na preparação para essa fase. E deu tudo certo! Cá estou, do lado de lá da fronteira. Ufa!!
A vocês que estão começando, ou mesmo àqueles que há mais tempo tentam ingressar na magistratura, digo que não desistam, se essa é a vocação que sentem que têm, sigam em frente, pois só não serão aprovados se desistirem.
Depois da aprovação, amigos, nada do que passou tem mais importância, um novo universo se abre diante de nós. Não importa mais quantos concursos prestamos, quantas vezes fomos reprovados, quantos anos se passaram, quantas vezes desacreditamos de nós mesmos, quantas lutas interiores e exteriores enfrentamos. Nada disso importa, só a satisfação de dever cumprido, de objetivo atingido, de ter lutado por algo que se acredita e alcançado a vitória.
Outras lutas virão, isto é certo, mas todas serão enfrentadas com a mesma destreza e valentia com que os candidatos guerreiros vencem cada etapa, cada desafio do caminho escolhido.
Um abraço e até breve!
