O minicurso “Violências no Trabalho: enfrentamento e superação”, também tema do Programa Trabalho Seguro do biênio 2018-2019, promovido pelo Tribunal do Trabalho da Paraíba, reuniu na última sexta-feira (27), magistrados, servidores do TRT, Tribunal de Justiça, Ministério Público Estadual e representantes de entidades de classe.
Na ocasião em que se comemorava o Dia Mundial de Prevenção a Acidentes de Trabalho, os participantes do evento debateram, no auditório da Escola Judicial (EJud), os diversos tipos de violências no ambiente de trabalho.
O evento foi ministrado pelo psicanalista Bruno Leal Farah, abordando o que, segundo ele, alguns pesquisadores chamam de violência organizacional. É aquela que abrange um número grande de pessoas, bem diferente do assédio moral, quando se envolve apenas uma vítima e um algoz. Ele disse que quando não se dá conta disso, corre-se o risco de entrar, nessa engrenagem, alguns ingredientes como política de metas, avaliação de desempenho.
E o psicanalista fez um alerta: “A forma como isso pode ser orquestrado pelo gestor e até pelo servidor pode se levar a situações de violências muito grandes que não são físicas mas psíquicas, emocionais no nosso dia a dia que, acumulados com o tempo, acabam se tornando realmente prolemas a serem resolvidos”.
Sociedade em alerta
Para o juiz André Machado, gestor do Programa Trabalho Seguro na Paraíba, é importante que haja essa discussão em torno deste tema porque é preciso entender que as violências no ambiente de trabalho acontecem de diversas formas e são muito abrangentes.
De acordo com o magistrado, o assédio organizacional, que é o foco desse minicurso, configura uma espécie de violência. E a falta de um ambiente de trabalho saudável pode levar ao adoecimento, ao estresse, a transtornos mentais que podem configurar em acidente de trabalho.
André Machado ressaltou que é preciso alertar a sociedade, conversar com empregados, empregadores, iniciativa privada e serviço público para que todos estejam atentos a essa forma de violência no ambiente de trabalho, possam instituir mecanismos de combate a essa prática nociva e assim evitar que mais trabalhadores e mais servidores públicos fiquem doentes.
Sobre o tema da palestra, a juíza Mirella Cahú, que também é gestora do Programa Trabalho Seguro na Paraíba, disse que “quando se fala em violência, normalmente, nós pensamos primeiramente na violência física. Por isso, decidimos trazer a discussão para outro aspecto da violência, que é a moral, a dissimulada no ambiente do trabalho em que o empregador muitas vezes sequer percebe”.