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TRT23:“Sou um milagre”, conta trabalhador que sobreviveu a queda de elevador

8 de novembro de 2023

– Estamos caindo!

Essa foi a única frase ouvida dentro do elevador usado na construção de um edifício no bairro Quilombo, em Cuiabá, enquanto despencava por 18 metros. Depois, o baque, os corpos, a dor e o desespero no canteiro de obras.

Era janeiro de 2012 e seis trabalhadores entraram no elevador da obra. Aquele dia tinha começado tranquilo e descontraído. Chegaram 6h30 no serviço, prepararam o café da manhã e, às 7h, começaram a trabalhar. Os pedreiros foram a primeira turma a subir. Na segunda viagem, entraram três carpinteiros, um ajudante, o mestre de obras e operador. Ao chegar no 6º andar, sem qualquer sinal que gerasse preocupação, o elevador começou a descer em alta velocidade.

Dois não saíram dele com vida e um terceiro viria a óbito no hospital. O carpinteiro Elias da Silva é um dos sobreviventes e hoje, depois de cinco anos, ainda vê, quando fecha os olhos, as imagens do elevador caído passando em sua mente como uma sucessão de fotografias.

– Todos ficaram paralisados e ninguém falou nada. Foi muito rápido! – recorda sobre a reação dos colegas.

Nenhum dos envolvidos no acidente teve medo de subir no elevador naquele fatídico dia. Afinal, o equipamento tinha capacidade para oito pessoas e havia passado por vistoria dois meses antes.

Nos poucos segundos antes de chegar ao chão, Elias conseguiu segurar nas grades de cima. Todavia, com o impacto, soltou e caiu sentado. Quebrou três vertebras da coluna, mas ainda assim foi o único a permanecer consciente o suficiente para ver os cinco colegas imóveis e feridos. O mestre de obras e o operador do elevador estavam mortos e as ferragem todas retorcidas, que acabaram por dificultar o trabalho de resgate.

Desde então, foram dois anos para tentar se recuperar do acidente: quatro cirurgias no tornozelo, uma cirurgia na coluna, pinos, hastes e todo um processo de recuperação lento e doloroso.

Apesar de inesperado, o elevador parece ter dado mostras de que iria apresentar algum problema, recorda Elias.

– Logo depois que passou pela vistoria do engenheiro mecânico, os cabos começaram a fazer um barulho como se estivessem raspando. Mas aquele barulho parou e o engenheiro garantiu que estava tudo bem – conta.

De 2012 para cá, Elias não conseguiu trabalhar mais como antes. Ficou um ano afastado pelo INSS, recebendo o auxílio-acidente, antes do benefício ser cortado pelo Governo. Hoje, busca na Justiça a reativação de seu pagamento.

– Em um piscar de olhos, tudo o que eu tinha programado na minha vida mudou. Mas não posso reclamar, sou mesmo um milagre – é a conclusão que ele chega ao relembrar a tragédia.

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